Em
mais uma edição da Entrevista da Semana o Blog da Ana Luiza traz um jornalista
francano. Com 30 anos de idade, o jovem estudou na Universidade de Franca há
oito anos. Nasceu em Passos, Minas Gerais, mas se mudou para Franca para
estudar.
Lucas
Rodrigues é conhecido da autora deste blog há muito tempo. Ele já passou por
emissoras como a TV Record de Franca e a EPTV de Ribeirão. Hoje trabalha na TV
Brasil, em Brasília, Distrito Federal.
Confira
abaixo a entrevista que Lucas concedeu ao Blog.
Conte-nos sobre sua
trajetória no jornalismo.
A oportunidade de ter trabalhado
em grandes emissoras, como a TV Record, Globo e TV Brasil me trouxe experiência
em diversas situações na prática do Telejornalismo. Desde a produção de uma
reportagem, a execução e a apresentação. Já fiz coberturas, como as eleições
presidenciais, carnaval de Olinda, enchentes em Alagoas, e diversos outros
trabalhos na Capital Federal em eventos políticos. Fora do país, fui enviado
especial para Argentina em edição da Cúpula Ibero Americana e também para
viagens oficiais do governo brasileiro. Faço parte da imprensa credenciada pela
Presidência da República e pelo Congresso Nacional.
Como
ingressou no telejornalismo?
Na
TV Record, onde comecei ainda no segundo ano da faculdade, como estagiário em
2002, assumi funções de produtor e repórter, apresentei o Jornal Regional da TV
Record em Franca, SP, além de ter participações em rede nacional com
reportagens especiais. Ao final de três anos na empresa, e já graduado em
Comunicação, assumi o cargo de Coordenador do Departamento de jornalismo em
Franca.
Em
2005 entrei para a TV Globo, afiliada em Ribeirão Preto, e como repórter dos
programas jornalísticos da emissora tive muitas participações em rede nacional
no Globo Rural e Globo Esporte. Em 2008 fui transferido para Brasília.
Em
2008, na TV Brasil, apresentei o programa Repórter Brasil Edição da Manhã
durante um ano. Na reportagem, passei a fazer parte do quadro de repórteres,
inclusive do Núcleo Especial de Jornalismo, e fui enviado a coberturas na
maioria dos estados do país e para trabalhos internacionais.
Conquistou
algum prêmio ao longo dos dez anos de carreira?
Nestes
quase quatro anos na TV Pública Brasileira conquistei prêmios pelas reportagens
especiais. Em 2010, a série "Segurança no trânsito" que alertou os
motoristas sobre cuidados fundamentais para obedecer à legislação e evitar
acidentes recebeu Menção Honrosa da Abraciclo (Associação dos Fabricantes de
Veículos de Duas Rodas).
O
programa "O Uso de Agrotóxicos no Brasil" ficou em primeiro lugar no
prêmio Massey Ferguson de Jornalismo em 2011. O trabalho é resultado de uma
viagem por vários estados e mostra a grande preocupação sobre a produção de
alimentos no país e os riscos que o uso incorreto de defensivos tem causado à
saúde. O programa denuncia a falta de fiscalização da pulverização aérea de
agrotóxicos sobre reservatórios de água consumida pela população na Chapada do
Apodi, em Fortaleza, e propõe soluções sustentáveis como a agroecologia e a
produção de alimentos orgânicos.
Outro
primeiro lugar foi conquistado este ano (2012) com o programa "Lixo
Eletrônico", destaque no prêmio Microcamp de Jornalismo. O programa
percorreu cinco capitais e chama a atenção para a ausência de políticas
públicas na destinação correta do lixo eletrônico no país, resíduo que contém
substâncias que podem contaminar a natureza se não forem tratadas da maneira
correta, separadamente do lixo comum. Foram exibidas muitas iniciativas que
tentam dar uma solução para o problema no país. Em uma série de reportagens
sobre a defesa do espaço aéreo brasileiro eu e minha equipe de reportagem
acompanhou o trabalho dos pilotos da Aeronáutica, que são treinados para voar
nos caças supersônicos Mirrage. Na fronteira do Brasil com a Bolívia e
Paraguai, em Mato Grosso do Sul, a Força Aérea combate o tráfico por meio de
aviões clandestinos, que podem ser interceptados pelos caças Supertucanos caso
não obedeçam a ordem de pouso, de acordo com a Lei do Abate.
Qual
foi a pauta que mais te deu trabalho?
Um
dos maiores desafios que enfrentei foi recente. Na viagem que fiz a Cuba a proposta
era trazer uma reportagem sobre as mudanças econômicas e políticas que o país
está vivendo. O trabalho lá não é nada simples, as pessoas têm receio de gravar
entrevistas, o governo controla quem pode dar declarações. Mas conseguimos
driblar as dificuldades e produzir um bom material.
O jornalismo é cheio de surpresas. Às vezes a
gente pensa que uma matéria vai ser fácil de cobrir, mas chega na hora, surgem
diversas informações, e é preciso atualizar na correria. A pauta que mais dá
mais trabalho é aquela que você não se identifica com o assunto.
Que tipo de matéria você gosta de fazer?
Como
sou mineiro, nasci em Passos, fui criado cercado pela natureza da Serra da
Canastra, pelo Café do Sul de Minas, acredito que por causa dessas raízes,
gosto muito de agricultura, de falar com as pessoas simples, de contar
novidades de uma forma objetiva, sem muita complicação. Mas por outro lado
também me interesso muito por tecnologia. Tudo que é novidade, e eletrônico me
fascina. Esse tipo de matéria sempre sobra pra mim.
Qual
é a dica que você dá aos jornalistas que queiram seguir uma carreira de sucesso,
mas sem glamour?
A
gente trabalha muito, vive sob pressão o tempo todo. Quem me vê aparecendo na
televisão, muitas vezes não imagina que é preciso muito esforço. Nem sempre
contamos com as melhores condições de trabalho. Eu vejo que o glamour, que as
pessoas podem pensar que exista, principalmente na televisão, muitas vezes não
compensa o desgaste nos bastidores.
Se
mesmo assim a paixão ainda é mais forte, eu só digo uma coisa: a gente deve se
arriscar, fazer diferença. Na minha área a TV Digital promete uma revolução. Já
está mudando tudo mais rápido do que imaginamos. Serão mais canais, mais
qualidade e tudo conectado pela internet. Será preciso novas ideias, e as boas
ideias sempre têm espaço e recompensas.