OCUPAÇÃO
DO MORRO –
Cecília com policiais do Bope em dia da ocupação da Mangueira em 2011. A ação
do Bope culminou para instalação da UPP Mangueira
Cecília Olliveira é a entrevistada da Entrevista da
Semana do Blog da Ana Luiza. A conheci no Congresso Internacional de Jornalismo
Investigativo da Abraji, na última edição. A jornalista é simplesmente tudo o
que eu quero ser daqui um tempo.
Ela tem 32 anos, é mineira e tem cara de menina. Há sete
anos é jornalista e se formou no Centro Universitário de Belo Horizonte. Fez
cursos de especialização como Estudos de criminalidade e segurança pública, na
UFMG – CRISP e Gestão Pública Social na Fundação João Pinheiro.
Cecília tem o Blog Arma Branca e atualmente é diretora do
Idesp Brasil (Instituto Brasileiro de Direito e Política de Segurança Pública)
e Consultora em comunicação na Agência Dharma.
Apaixonada por pautas policiais ela virou minha ídola no
jornalismo. Confira a entrevista que ela nos concedeu:
Conte-nos
sobre sua trajetória no jornalismo.
Quando ainda era estudante eu estagiei em áreas que eu
não queria muito. Só conseguia vagas em assessoria de imprensa. Meu desejo era
cobrir polícia, mas em MG os veículos são poucos e a área que eu queria atuar
mesmo, não tinha campo pra mim.
Minha meta era trabalhar escrevendo - e
estudando - o crime organizado, coisa que não há em BH. Meu intuito era
entender a dinâmica criminal nos territórios em conflito, a disputa de poder
entre facções, a relação do território em conflito com o resto da cidade, a
vida das pessoas que moram nestes territórios, as famílias, os trabalhadores, a
cultura local, a vida que segue, apesar dos pesares. Até pensei em ir pra SP,
por causa do PCC, mas a complexidade do Rio de Janeiro me atraiu mais.
Formei e morei ainda em BH por três anos e meio, sempre
trabalhando com assessoria de imprensa e edição de revistas. Morando no Rio,
ainda trabalhei um ano fora da área até que começasse a assessorar o Programa
de Redução da Violência Letal contra Adolescentes e Jovens (prvl.org.br).
Embora tenha começado meu Blog Arma Branca ainda em BH,
ele ficou meio de lado até 2010, quando mostrei meu trabalho ao amigo e
experiente jornalista Fabio Pannunzio. Ele disse que o material que eu produzia
para o Blog era rico e pouca gente falava sobre o assunto daquela forma e que
eu deveria investir nisso. Desde então eu fui me empenhando em produzir
material exclusivo e alguns de jornalistas, com o devido crédito.
Atualmente
você tem o Blog Arma Branca, além dos seus trabalhos diários. Como é sua
rotina?
Hoje sou assessora do Programa de Redução da Violência
Letal contra adolescentes e jovens. O Programa de Redução da Violência Letal
Contra Adolescentes e Jovens (PRVL) é uma iniciativa do Observatório de
Favelas, realizada em conjunto com o UNICEF e a Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República. O PRVL é desenvolvido em parceria com o
Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(LAV-Uerj) e tem apoio institucional da Organização Intereclesiástica de
Cooperação para o Desenvolvimento (ICCO).
O Programa de Redução da Violência Letal (PRVL) visa à
promoção de ações de sensibilização, articulação política e produção de
mecanismos de monitoramento, no intuito de assegurar que as mortes violentas de
adolescentes dos grandes centros urbanos brasileiros sejam tratadas como
prioridade na agenda pública. Seu objetivo é contribuir para a difusão de
estratégias pautadas na valorização da vida de adolescentes brasileiros, grupo
etário que hoje é extremamente vulnerável à letalidade por homicídios em todo o
país.
Qual
foi a pauta que mais te deu trabalho?
Não digo que tenha me dado mais trabalho, mas as que
exigem mais de mim são as coberturas de pacificação. As operações duram cerca
de 12 horas, as ruas das favelas são muito íngremes, depois que amanhece o sol
fica muito quente, o equipamento fotográfico e a mochila são pesados. Você
volta e ainda tem que editar o material. Então, é bem esgotante, embora
extremamente gratificante.
Que
tipo de matéria você gosta de fazer?
Gosto muito de matérias sobre garantias e violação de
direitos
Qual
é a dica que você dá aos jornalistas que queiram seguir uma carreira de
sucesso, mas sem glamour?
Estudar, se quiser atuar na área de segurança pública,
estudar, aperfeiçoar, ler diariamente é extremamente necessário. Não que para
as demais áreas não seja, mas em segurança, as leis mudam, são editadas novas,
há PLs... sempre há uma novidade e algo que valia ontem, pode não valer mais
hoje. Se o jornalista não acompanhar isso, não terá credibilidade, que é o
"sangue" do jornalista. Sem credibilidade, não há carreira que dure.
Ainda sobre credibilidade, é essencial ter boas fontes,
em lugares variados e que elas, igualmente, sejam críveis, para que você possa
confiar em suas informações e assinar em cima delas.
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