EM PAUTA - No condomínio antes de eu me encontrar com a mãe que pedia socorro para ajudar os filhos
Quando resolvi estudar jornalismo era pelo simples prazer
de escrever. Durante a graduação, atrelada aos estágios, minha concepção sobre o
que era jornalismo e o que eu gostaria de fazer dali pra frente foi mudando.
Hoje gosto de ser jornalista por outros motivos, além daquele que me motivou a
entrar na faculdade. O principal motivo é o de conhecer diferentes pessoas, de
várias classes sociais, em vários momentos da vida.
Certa vez recebemos na redação do jornal o apelo de uma
mãe que tinha dois filhos viciados em drogas que destruíra sua casa por conta
do vício. Marcamos a entrevista e no período da tarde rumamos, fotógrafo e eu,
para conversar com a mulher.
Na época ela trabalhava no condomínio Morada do Verde
(condomínio nobre de Franca), o qual eu ainda não conhecia, como empregada
doméstica. Passamos por construções gigantes, casas com lindos jardins, mas
tanta beleza não amenizava a dor daquela mãe que pedia por socorro.
Ela já não sabia mais o que fazer. Os filhos vendiam até
comida de casa para comprar droga. Enquanto aquela senhora relatava sua trágica
história, eu pensava: que mundo injusto esse. Com tantas casas lindas, com
tanta gente rica nesse lugar meu Deus, não é possível que ninguém pode ajudar
essa mulher.
Finalizei a entrevista com um aperto no coração, por me
sentir incapaz de fazer qualquer coisa para ajudar aquela mulher. Nos
despedimos com lágrimas nos olhos e um abraço apertado. E a deixei com um: fica
com Deus e boa sorte!
No dia seguinte, quando a matéria saiu. Recebi duas
ligações de lugares que queriam internar os filhos daquela senhora. Fiquei
feliz, afinal alguém nessa selva de pedra leu o que escrevi e se dispôs a
ajudar. Emissoras de TV da cidade também repercutiram o caso e mais uma vez a
história daquela família era dissipada a mais e mais pessoas, que de repente
poderiam ajudá-la.
Hoje perdi o contato com a mulher e não sei se as
internações deram certo e como os filhos estão, mas torço para que tenha dado
tudo certo.
O bom de ser jornalista é que a gente se depara com
situações tão diferentes do meio em que vive, conhece pessoas que de alguma
forma te ensinam algo.
Com essa mulher aprendi que a ajuda vem de onde menos
esperamos e que é preciso tirar forças, de onde você não sabe, para superarmos
os problemas que a vida sempre nos coloca à prova.
que história bacana, menina!
ResponderExcluirObrigada querida.
ResponderExcluirFico feliz em poder compartilhar com pessoas sensíveis o que vejo e como vejo o jornalismo.
Bju
É este tipo de Jornalismo que espero poder fazer logo logo.. terminei Publicidade, mas de fato não me identifiquei com o curso! Pior que só vim perceber isso claramente no fim do 2º tempo! Vou começar também motivada pelo "gostar de escrever"! Fico apreensiva em "errar" a mira novamente, mas, quando leio coisas como essas, fico super motivada e decidida! Obrigada e parabéns pela forma como vc vê e faz o Jornalismo! :)
ResponderExcluirOi Lígia que bonito o que escreveu. Obrigada pelo carinho e pela confiança.
ExcluirSe precisar de algo estou por aqui.
Boa sorte!
Bj