ÍDOLA - Eliane Brum e eu na Feira do Livro em Ribeirão Preto
Tudo poderia ter sido diferente. Quando entrei na faculdade pensava que ser jornalista era narrar as histórias e me colocar de fora da situação como um ser imparcial. Ao longo da graduação conheci uma jornalista que me disse que a total imparcialidade não existe. Teimei em pensar que ser imparcial era o melhor. Mais uma vez ouvi da mesma jornalista que a imparcialidade não existe.
Falo de Eliane Brum. Jornalista com olhar sensível e de um texto primoroso, rico em detalhes e emocionante. Ela trabalhou no Jornal Zero Hora, um dos principais jornais do Rio Grande do Sul. Por dez anos foi repórter especial da Revista Época. Hoje ela é colunista da revista, documentarista e viaja o país palestrando e participando de congressos e discussões sobre jornalismo.
Meu primeiro contato com Eliane aconteceu em 2008. A conheci por intermédio de uma colega de profissão e me apaixonei por tudo que ela escreve. A partir daí encontrei o email dela e até o telefone do trabalho descobri. Nos conhecemos pessoalmente no ano seguinte na Feira do Livro em Ribeirão Preto. Hoje nosso contato acontece via Twitter e também por email.
Neste ano a 12ª edição da Feira do Livro trouxe novamente Eliane para um Salão de Ideias. O jornalista ribeirãopretano Fernando Bueno foi o mediador. A discussão começou em torno do primeiro romance de Eliane: Uma Duas (livro que já foi dica de leitura aqui no Blog). Leitura bem diferente dos outros dois livros da jornalista. A vida que ninguém vê e o Olho da Rua: ambos trazem matérias premiadas de Eliane quando passou pelo jornal e pela revista.
Durante sua explanação tão rica sobre o que acredita ser o jornalismo, ela simplificou de uma forma simples e idealista: “Jornalismo é muito substantivo pra mim. Sou uma ‘escutadeira’, ou seja, escuto a complexidade do real, inclusive o silêncio, porque até quando uma pessoa para de falar, ela não para de dizer. Acredito que a boa apuração é a melhor maneira de ser fiel às verdades. Nós jornalistas temos que dar todos os detalhes para o leitor, porque estivemos onde eles não puderam estar. O bom repórter tem que ser um grande ‘escutador’”.
Depois que saí da faculdade tenho discutido pouco sobre jornalismo como gostaria. Hoje com a Eliane Brum reacendeu a chama do que acredito ser o jornalismo e repensei o porquê quis seguir essa carreira.
Após o debate ela foi até o saguão do Teatro Pedro II para autógrafos e fotos. Fiquei na fila. Ao chegar minha vez ela não me reconheceu de primeira, mas foi só abrir um sorriso que ela disse: “você veio, como você é fiel.”
Enquanto ela autografava meus livros conversamos rapidamente como duas amigas que não se viam há décadas. Falamos sobre a revista, sobre o meu desemprego, jornalismo, vida e profissão. Sim deu tempo de tudo isso. Ela é intensa e eu nem se fala.
Guardo com carinho esse diálogo:
Eu – Minha vida mudou depois que te conheci!
Eliane – Espero que para melhor.
Eu – Estou desempregada (risos).
Eliane- Risos
Eu – Quero ser feliz, me identificar com o que eu estiver fazendo.
Eliane – Você vai ser feliz.
Eu – Queria tanto que você estivesse na Época. Foi só eu assinar a revista por causa de você e lá vai você sair da empresa (risos).
Eliane – Saí pra ser feliz!
Essa é a minha ídola no jornalismo. Espelho em seu modo de ver a vida dos outros, do modo que pensa no jornalismo. É assim que quero ser feliz!
PAPO BOM - Com ela o papo é tão bom que perderíamos horas falando do que temos em comum: o amor pelo jornalismo
que legal, Ana!
ResponderExcluirpela sua empolgação na foto, deve ter sido maravilhoso mesmo! \o/
lindo post!
Obrigada Lícia. Fiquei feliz que vc tenha vindo e gostado do post.
ResponderExcluirBju