17 de abril de 2011

DINHEIRO NO LIXÃO - Francano não separa lixo e joga fora R$ 1 mi por ano

Ana Luiza Silva
repórter do Jornal Comércio da Franca 
O município de Franca deixa de reciclar 22 toneladas de lixo todos os dias. O material que poderia gerar renda para pelo menos 52 famílias, beneficiar projetos sociais da Pastoral do Menor e ainda preservar o meio ambiente vai parar direto no aterro sanitário. O serviço diário de coleta seletiva da cidade recolhe apenas oito toneladas de papéis, vidros, plásticos e metais, o equivalente a 26,6% do que seria reaproveitável. A prefeitura culpa a população pelo desperdício e planeja reforçar a campanha de conscientização até 2012.

A conta é simples. A cidade produz cerca de 300 toneladas de lixo por dia. Desse total, a prefeitura estima que 30 toneladas sejam de material reciclável, que deveriam ser separadas pela população e encainhadas para a usina de reciclagem do município. Mas, de fato, os francanos separam apenas oito toneladas, ou seja, 22 toneladas vão parar no lixão.
O resultado, normalmente ruim, pode ser ainda pior este ano. Nos três primeiros meses de 2011, foram recolhidas 720 toneladas. O volume é 20% menor que no mesmo período do ano passado quando os funcionários da Colifran, empresa terceirizada pelo município para a realização do serviço desde 2002, retiraram 900 toneladas de recicláveis das ruas de Franca.

Para tentar reverter a situação, o secretário de Serviços e Meio Ambiente Ismar Tavares afirma que vai aumentar a distribuição na cidade de panfletos que explicam o serviço e pedem a participação da população. “Todo mês fazemos o arrastão da limpeza nos bairros e para divulgar a ação usamos panfletos que também informam sobre a coleta seletiva. Além disso, fazemos propagandas em rádios e visitas nas escolas públicas”, disse o secretário.

A prefeitura planeja também ampliar o serviço para todos os 300 bairros da cidade até 2012. Hoje a Colifran mantém cinco caminhões para o recolhimento de materiais recicláveis e 250 bairros são atendidos, de segunda a sábado, em horário comercial. “Mas não adianta nós colocarmos mais caminhões para a coleta seletiva e a população não colaborar. É preciso que cada casa, cada indivíduo saiba que a separação do lixo é uma questão de consciência ambiental”.

Além do volume reduzido, o lixo reciclável descartado pelos francanos também é mal separado. Das oito toneladas de lixo destinados à reciclagem, 27% são desprezados durante o processo e triagem do lixo na cooperativa que faz a separação, por chegarem misturados a lixo orgânico. São restos de comida, fraldas descartáveis, papel higiênico, animais mortos e até fezes. O que não serve na usina, é levado ao aterro sanitário para a decomposição.

A Cooperfran (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Franca e Região), que é responsável pela usina, consegue levantar cerca de R$ 38 mil por mês com a venda dos reciclados. Seus clientes são empresários de Ribeirão Preto e da capital. 25% lucro alcançado pela usina - cerca de R$ 9,5 mil mensais - é destinado à Pastoral do Menor, que separa papelão em um espaço anexo. Se todo lixo reaproveitável que é descartado pelos francanos fosse reciclado, somente a Pastoral receberia, aproximadamente, R$ 35,6 mil.

IMPORTÂNCIA
Para o engenheiro da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), Carlos Alberto Rulliano, a reciclagem é importante pois ajuda a ampliar a vida útil dos aterros sanitários e dispensa a criação de novos aterros.

O biólogo Breno Neves de Andrade ressalta que o lixo não separado corretamente pode causar impacto negativo ao meio ambiente como a extinção de espécies e a poluição do lençol freático. “Existem materiais que demoram para se decompor, como é o caso do plástico, que precisa de mais de cem anos para desaparecer”, disse Andrade.

Quando reaproveitado, o plástico pode utilizado para a confecção de produtos como móveis, bijuterias, banners, laços, luminárias, entre outros. Os metais - aço ou alumínio - são 100% recicláveis e quando retornam ao meio ambiente voltam na condição de matéria-prima com alto valor comercial. 
(publicada pelo Jornal Comércio da Franca em 16 de abril de 2011)

 
 

Um comentário:

  1. Parabéna pela iniciativa do blog Ana ... e essa matéria foi um puxão de orelha. Bjão

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