12 de junho de 2012

Jornalistas e as festas 0800


DIVERSÃO -  12ª Festa da Soja de São Joaquim da Barra


Sempre quando há festas em Franca ou em cidades da região, muitos amigos e conhecidos me perguntam se vou ao determinado evento de graça. Quando falo que não eles se assustam e soltam logo um: mas você é jornalista, é da imprensa!

O post de hoje explica esse impasse. Para cobrir eventos existe o chamado credenciamento de imprensa, que se resume em uma inscrição dos repórteres de um veículo de comunicação interessado em fazer matérias na festa. Feito o credenciamento, é necessário informar o nome do veículo e muitas vezes até os nomes dos responsáveis, no caso editores, para confirmação dos dados. Com a entrada liberada no evento, é natural após sua realização os organizadores ou assessoria de imprensa aguardar a publicação de fotos, textos ou que seja uma nota a respeito da festa.

Durante os meus estágios na assessoria de imprensa da Universidade de Franca, na Rede Record de Franca e no Jornal Comércio da Franca, fui a poucos eventos "de graça". Primeiro que estagiário não ganha nenhuma regalia e segundo que quando chegavam ingressos, camarotes e etc eram destinados a chefes e aos mais chegados da diretoria e dos editores.

Quando fui contratada pelo jornal na edição de 2011 da Expoagro, todos os repórteres tiveram credencial e puderam entrar no parque sem cobrança de ingresso. Porém em muitos dias tínhamos que trabalhar, fazendo fotos ou apurando notas.

Há alguns dias fui convidada para ir a Festa da Soja em São Joaquim da Barra. O evento é gratuito, mas o convite partiu para o Camarote Bavaria. Mesmo não estando ligada a nenhum órgão da imprensa atualmente essa foi a primeira vez que fui convidada para um camarote formado por jornalistas e profissionais da comunicação de várias cidades da região.

Não acho elegante jornalista "bater ponto" em festas onde sua presença é meramente gratuita e a cobertura jornalística nem passa perto. Mas é bacana quando uma empresa ou uma assessoria convida o profissional da imprensa, seja lá fotógrafo, cinegrafista e assessor de imprensa para um evento com o intuito de estreitar relações. Isso mostra que a presença do jornalista é importante não só para uma eventual divulgação, mas também para que esse comunicador conheça e possa falar posteriormente com propriedade sobre a empresa ou a festa.

No entanto jornalistas não devem ter amarras, rabo preso ou dever favores. É preciso ter consciência de que ele é um formador de opinião, um braço da justiça para a comunidade e não é porque foi a uma festa na faixa que fechará os olhos para erros durante o evento. Porém assim como em todos os lugares quando você é convidado, vale a máxima da boa educação e do jogo de cintura.

Jornalistas também se divertem, uns bebem, outros fumam e alguns até acabam se envolvendo em babados e esquecem que são como uma vitrine. Estão ali porque representam uma empresa ou tem determinado valor na mídia. Faço parte do grupo dos discretos, tento me preservar ao máximo para não ter a minha credibilidade manchada por uns copos de cerveja.

4 comentários:

  1. Muito bom, amiga! Eu adoro a seriedade com a qual encara o seu (nosso) trabalho, mas me diga uma coisa: você acha mesmo possível para um jornalista em começo de carreira superar as relações de coronelismo e clientelismo existentes entre os meios de comunicação e as empresas? Como peitar o redator-chefe que te manda fazer uma matéria sobre cicurgia plástica e já te dá os nomes das clínicas (todas anunciantes, claro) que vão falar? Da mesma forma, como ter alguma autonomia na hora de redigir o texto se a empresa que está organizando o evento já fechou contrato de divulgação com o seu jornal? O que fazer se, na cobertura de uma disputa política numa cidadezinha qualquer, o dono do jornal - que por acaso é um rico e influente fazendeiro da região - te ordena contar apenas um lado da história (o lado que lhe interessa financeiramente, pra variar)?
    Sei lá, mas acho um tanto ingênuo continuar achando que nós jornalistas formamos opinião. Vivemos numa era paradoxal: jamais tivemos tanta informação e tão facilmente disponível, mas também nunca houve tamanha falta de pluraridade do discurso. "Comunicação comunitária", "tecnologias sociais em comunicação" e outros conceitos de produção popular e horizontal da informação são alguns refúgios possíveis em meio ao chamado "shownarlismo". Vamos instrumentalizar nossos jovens da periferia, mulheres, negros e todos os grupos socialmente excluídos para que possam falar de si e para si mesmos! Chega da pretensão de acharmos que somos algum tipo de porta-voz legítimo da sociedade. Se algum dia existiu um jornalismo assim, hoje ele não passa de lenda...

    Saudades de você, querida! Logo estarei aí na city pra gente debater esse assunto tão interessante... comendo esfirra do Habib's :) Bejooo!

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  2. Oi Dani, que bom tê-la aqui em meu Blog para discutirmos sobre jornalismo. Isso me faz tanta falta!!
    Ainda acredito nesse jornalismo que ajuda, que defende e que pode acabar com alguém ou alguma coisa, a cidade em que moro ainda é dessa forma, as coisas aqui ainda funcionam assim e por tal situação é que ainda penso dessa maneira do ambiente em que vivo. Mas sei também que cada um recebeu um pouco de jornalista, afinal nem precisa ter diploma para trabalhar e ser jornalista. Mas acho que esse profissional precisa dosar cada passo. Se ele vai fazer uma cobertura de um evento que a empresa em que ele trabalha está patrocinando ou realizando é importante que prevaleça nele suas opiniões e conceitos e não se venda. É claro se ele quiser ter o emprego dele ele vai dizer amém pra tudo, mas ele não pode se corromper.
    Venha sempre aqui...esse é um espaço aberto para discussões tão ricas como essa.
    Beijão.

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  3. Não acredito neste papo de festas 0800. Até porque quando as pessoas deixam entrar "de graça" fazem isso esperando em retribuição que seja escrito (divulgado) o evento, e que fale bem sobre o evento.
    Neste sentido não há, a meu ver, uma entrada 0800, visto que o pagamento esperado vem de forma midiática após o evento. Sendo assim é um comércio estabelecido, cuja moeda não é financeira mas não menos comercial.

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  4. Oi Luciano que bom que veio pra cá.
    Fico feliz em esquentar uma discussão.
    Realmente você tem razão, mas o jornalista não pode se corromper por um mero convite d balada.
    Bjus.

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