23 de abril de 2012

Cobertura jornalística em velório e/ou enterro: situação difícil



Durante a graduação de jornalismo os estudantes aprendem muitos macetes para que na prática consigamos fazer nosso trabalho sem muita dor de cabeça.

O problema é que nós não aprendemos como nos portar nas mais variadas situações do dia a dia de um repórter. Por exemplo: como entrevistar uma mãe que acabou de perder seu filho em um acidente ou como cobrir o velório de um jovem que foi assassinado na noite anterior.

Essas questões são algumas das que tenho dificuldade em lidar. Sei que enquanto repórter preciso ir até o velório ou enterro, observar, anotar e depois entrevistar, mas é uma situação tão estranha que me sinto fortemente desconfortável.

Na última sexta-feira, dia 20, fui colocada numa situação assim. Um rapaz de 27 anos foi assassinado com duas facadas após sair de uma festa em Restinga. Cheguei ao velório com um único intuito, colher informações com alguém da família sobre o homicídio.

Por quase uma hora e meia acompanhei o velório seguido do enterro. Participei do cortejo, rezei e chorei, por alguns instantes me esqueci do motivo que havia me levado ali, a reportagem.

Passado as emoções, fui eu, meu caderno, minha caneta e o gravador enfrentar o maior problema daquele dia: esquece meu desconforto e tentar uma entrevista. Deu certo. Falei com o irmão da vitima, mas sabe aquela entrevista que tanto o entrevistado quanto o entrevistador ficam com a voz embargada e sem saber o que dizer um ao outro?

A situação era bem essa. Depois de breves palavras, ele foi embora junto com a mãe que estava desolada, e eu segui de volta a minha rotina de jornalista, que eu sei, tem dessas coisas. 

2 comentários:

  1. Pior que não existe fórmula mágica.
    Sempre que me colocam nesse tipo de pauta lembro de algum professor da faculdade dizendo "repórter não pode se envolver com a notícia. Não é profissional, não é ético". Sigo até a pauta pensando nisso, em ser fria, mas jamais sem educação. Respeitar a dor dos familiares é fundamental. Até pq, na maioria das vezes, vc chega no velório ou enterro para este tipo de matéria e só sabe quem é o defunto. Descobrir pra quem perguntar e ter a sorte de não ser hostilizada desde o início já é um grande passo...

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  2. Irineia é bem isso mesmo...precisamos ser frios, mas quando estamos frente a frente com a mãe que perde seu filho é uma tristeza que não dá pra controlar.
    Obrigada por passar por aqui.
    Beijos.

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