Durante a graduação de jornalismo os estudantes aprendem
muitos macetes para que na prática consigamos fazer nosso trabalho sem muita
dor de cabeça.
O problema é que nós não aprendemos como nos portar nas
mais variadas situações do dia a dia de um repórter. Por exemplo: como
entrevistar uma mãe que acabou de perder seu filho em um acidente ou como cobrir
o velório de um jovem que foi assassinado na noite anterior.
Essas questões são algumas das que tenho dificuldade em
lidar. Sei que enquanto repórter preciso ir até o velório ou enterro, observar,
anotar e depois entrevistar, mas é uma situação tão estranha que me sinto
fortemente desconfortável.
Na última sexta-feira, dia 20, fui colocada numa situação
assim. Um rapaz de 27 anos foi assassinado com duas facadas após sair de uma
festa em Restinga. Cheguei ao velório com um único intuito, colher informações
com alguém da família sobre o homicídio.
Por quase uma hora e meia acompanhei o velório seguido do
enterro. Participei do cortejo, rezei e chorei, por alguns instantes me esqueci
do motivo que havia me levado ali, a reportagem.
Passado as emoções, fui eu, meu caderno, minha caneta e o
gravador enfrentar o maior problema daquele dia: esquece meu desconforto e
tentar uma entrevista. Deu certo. Falei com o irmão da vitima, mas sabe aquela
entrevista que tanto o entrevistado quanto o entrevistador ficam com a voz
embargada e sem saber o que dizer um ao outro?
A situação era bem essa. Depois de breves palavras, ele
foi embora junto com a mãe que estava desolada, e eu segui de volta a minha
rotina de jornalista, que eu sei, tem dessas coisas.
Pior que não existe fórmula mágica.
ResponderExcluirSempre que me colocam nesse tipo de pauta lembro de algum professor da faculdade dizendo "repórter não pode se envolver com a notícia. Não é profissional, não é ético". Sigo até a pauta pensando nisso, em ser fria, mas jamais sem educação. Respeitar a dor dos familiares é fundamental. Até pq, na maioria das vezes, vc chega no velório ou enterro para este tipo de matéria e só sabe quem é o defunto. Descobrir pra quem perguntar e ter a sorte de não ser hostilizada desde o início já é um grande passo...
Irineia é bem isso mesmo...precisamos ser frios, mas quando estamos frente a frente com a mãe que perde seu filho é uma tristeza que não dá pra controlar.
ResponderExcluirObrigada por passar por aqui.
Beijos.