O lugar é mantido pela Prefeitura de Franca e pela Associação Assistencial Presbiteriana Bom Samaritano. Do lado de fora, parece ser uma escola. Dentro se divide em oito casas, que abrigam 32 crianças e adolescentes que estão sob medida de proteção judicial (sofreram maus-tratos, violência sexual ou física ou são órfãos). Cada casa tem uma mãe, mas elas são em 11 (três cobrem folgas e férias).
A professora Maristela Cândida da Silva, 40 anos, abandonou a pedagogia há dois anos e 11 meses para se dedicar exclusivamente à profissão de mãe social. Solteira e sem filhos biológicos, Maristela é uma das mulheres que está há mais tempo no projeto, que existe há três anos. Sem arrependimentos, a ex-professora cuida de quatro irmãos adolescentes.
Segundo ela, a dificuldade de ser uma mãe social é a fase da adolescência.
“É sempre uma época bem difícil, mas é superada como qualquer outra. Aqui é muita doação e, se não tiver coração aberto, não consegue suportar. Aqui é um crescimento pessoal pois, dentro do contexto problemático em que estão as crianças, nós conseguimos enxergar o quanto é bom plantar uma semente em alguém e vê-la prosperar.”
Há oito meses morando em uma das casas do Recanto, Larissa Ferreira Cândido, de 32 anos, é mãe social de quatro filhos, três adolescentes e uma criança de sete anos. Larissa também tem duas filhas biológicas, uma de 12 e outra de nove anos, que moram com a mãe.
Desempregada, ela encaminhou um currículo ao Complexo Aconchego, dois anos antes de ser contratada. Enquanto esperava ser chamada, Larissa voltou para a indústria calçadista. Ela diz ter sido atraída para a função de mãe social quando soube do trabalho que realizaria com as crianças. E, nesse período, ela já viveu momentos de muita emoção com seus “filhos”.
“Um dia desses minha criança de sete anos me chamou para deitarmos à tarde. Ela queria se deitar na minha cama. Fui com ela e quando eu a abracei ela me pediu que trouxesse a mãe dela para vê-la ‘só um pouquinho’. Eu disse a ela que a mãe morava no céu, mas nós poderíamos rezar e Deus daria um jeito de trazer a mãe dela. Depois de uns dias, ela veio me dizer que Deus havia dito a ele que tinha enviado uma pessoa especial para cuidar dela e que essa pessoa era eu. Situações assim me fazem ver o quanto essas crianças têm coisas boas para nos passar. Se as mães soubessem disso, não jogariam seus filhos no lixo”, disse emocionada.
Solteira e sem filhos biológicos, Cíntia de Paula Amélio, 32, escolheu a profissão de mãe social por meio do voluntariado. Depois de uma semana de estágio na unidade, ela foi contratada. Hoje tem sob sua responsabilidade quatro crianças e uma adolescente. Mesmo sem ter filhos de sangue, Cíntia diz que mais aprende do que ensina.
“Sempre fui muito impaciente e humildade não era comigo. Aqui aprendemos a trabalhar esses valores com as crianças, mostrando a importância deles e o quanto eles influenciam na vida da gente.”
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