TIROTEIO - Em uma cobertura jornalística pra lá de emocionante
O sucesso da ação que culminou na morte de três bandidos e na prisão de oito no dia 31 de maio, no Bairro Recanto Elimar em Franca, levou 21 policiais militares ao divã de um psicólogo. O procedimento é padrão desde 2002 para todos os policiais envolvidos em operações que terminam em mortes.
Os policiais francanos foram atendidos por dois psicólogos em junho. Todos foram diagnosticados como aptos a voltar ao trabalho. No Estado, de janeiro a maio deste ano, 1.215 homens policiais foram encaminhados para o programa. Quase a metade é do interior. Em todo o ano passado, foram atendidos 1.976 homens na capital e 1.236 no interior. O Comando da Polícia Militar de São Paulo não informou os números referentes à região de Franca e também não revelou quantos policiais foram considerados incapacitados para o trabalho.
Falei com três dos 21 policiais que participaram do tiroteio no Elimar _os sargentos Caio César Polim, 32, e Paulo Sérgio da Silva Sousa, 41, e o cabo Tiago da Silva Melo, 36. Apesar de aprovados na avaliação psicológica, eles admitiram ter ficado abalados. Somados, eles têm 42 anos de carreira e nunca tinham enfrentado uma ocorrência com tiroteio e mortes. “Quando começou o tiroteio a gente só pensava em nos abrigar e nos defender. Seria muito bom se tivéssemos prendido todos sem matar ninguém, mas sabemos que naquela hora ou atirávamos ou poderíamos morrer”, disse o sargento Paulo Sérgio, que está na corporação há 20 anos.
Polim, há 13 anos na polícia, disse que o sofrimento ao matar uma pessoa é inerente ao profissional do bem. “Lá atrás quando entramos na PM, recebemos uma missão e juramos defender a sociedade com sacrifício da nossa própria vida. Não somos treinados para matar. Nós somos treinados para defender a população. Atirar e ver alguém morrendo é uma sensação ruim e não dá para esquecer de uma hora para outra.”
O cabo Melo, policial há nove anos, disse que a situação o abalou, mas o que ele não se conforma é com o envolvimento de policiais nas explosões de caixas eletrônicos. “Tirar os bandidos de circulação é muito bom, mas ficamos mais felizes pela prisão de policiais que mancham a nossa honra e a nossa farda.”
Relembre o caso
A operação que envolveu os policiais avaliados aconteceu após duas explosões a caixas eletrônicos em Patrocínio Paulista. Dispondo de informações privilegiadas, a polícia chegou até o esconderijo da quadrilha no Bairro Recanto Elimar, onde foi recebida a tiros. Com os bandidos foram apreendidos uma metralhadora automática e um fuzil de uso exclusivo das Forças Armadas, com capacidade de 1.500 tiros por minuto.
Hoje são investigados pela justiça militar sobre os procedimentos adotados durante a ação, mas também vivem com a culpa de terem contribuído para a morte de três indivíduos. O procedimento envolve.
OBS: A matéria acima, de minha autoria, não foi publicada.
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